quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Já reparaste?

Não somos os mesmos, mas continuamos a ser os mesmos.
Bem, respondendo ao desafio, vou aqui enumerar as minhas cinco manias... :P


- Faço caretas sem me aperceber. Epá, se calhar é mais um tique, mas não intressa. Às vezes quando tou sozinha começo a fazer caretas sem sequer notar, depois chega alguém e pergunta «Di? Qué isso?» ou então ficam simplesmente com cara de parvos a olhar, à espera que eu repare. Eu diria: medo.


- Faço barquinhos em tudo o que seja maleável. Papel, plástico, cartão. Qualquer coisa que apanhe e seja minimamente rectangular começo a fazer barquinhos: são os papéis dos rebuçados, guardanapos do McDonald's, restos de folhas, tudo!


- Bem, quanto às manias com roupa, não posso dormir de meias: é impossível. Faça o frio que fizer, que neve, não importa. Temperatura negativa? Quero lá saber! Eu simplesmente não posso dormir de meias. =X Ah..e depois há aquela coisa que mal chego a casa dispo-me logo pra vestir o pijama... É que não consigo estar em casa com a roupa do dia-a-dia! Seja Inverno ou Verão... não dá!


- Vou seleccionando tudo enquanto vou lendo no pc. Essa é sempre. Até me parece que nem consigo perceber o que tou a ler se não tiver a selecionar. Sejam blogs, páginas da internet, textos word... qualquer coisa (menos msn...) tenho sempre que ir seleccionando!


- Não posso ter relógios mecânicos! É paranóia mesmo, mas não posso! Sejam de pulso, ou despertador... Não dá! Os de pulso não consigo usá-los mais que um dia... porque até me fazem confusão durante o dia... eu estou sempre a ouvi-los! Então no quarto... Já parti relógios de cabeceira porque não aguentava o tic tac! E nem os de pulso podem ficar em cima da secretária porque não consigo dormir e tenho que me levantar, depois de andar horas a remoer, pra ir enfiá-lo dentro de uma meia, dentro duma gaveta (porque a gaveta só não basta!) ou então vou pô-lo na sala, ou na entrada, ou noutro sítio qualquer longe do meu quarto... Eu oiço tudo!


(Ok..estes lembrei-me agora e basta.. se se lembrarem de mais algum não se acanhem! =X )


*

sábado, fevereiro 11, 2006

Sentir

Acordes perfeitos. Músicas que o tempo levou. Violas perdidas. Sons rasgados. Ruídos fluidos.

Consegues distinguir? Consegues sentir?


Inércia, indiferença, apatia. Quando te esforças por tocar no ar quente, quando tentas sentir todos os aromas, todas as cores, todos os sons. Queres correr, sentir o vento percorrer o teu corpo, mas não consegues sair do mesmo sítio. Os nadas que te prendem, ou o nada que não te consegue prender. Emoções falhadas, abismos de coisa nenhuma, vapores que dançam à tua volta, mudos, no seu mundo perfeito. Apatia de sentimentos, almas que rodopiam e caem no mesmo círculo, sempre felizes. Pétalas caídas, sem aroma, luas de amor, luzes e fascinação. Vida.


E tudo sem sentido nenhum. Viver. Sentir.


Encurralada, talvez, numa dessas grutas onde costumavas guardar as memórias longínquas de tudo quanto te fazia sorrir. Sim, aquela coroa de flores. E...e, que mais? Risos efémeros que passaram, memórias de algum não sentimento de hoje. Tentativas desesperadas de seres outra alma, de fazer tudo de maneira diferente, de sentir de outra maneira. Convicções de que eras, de que chegaste a ser. Mentiras em que acreditas, que não consegues mudar aquilo que és. Melodias que nasceram contigo, cores que sempre foram as tuas. E vidas separadas, mudanças repentinas que te embarcam as entrelinhas das palavras. Arrepios de emoções (só arrepios) que te percorrem o corpo, fogem por entre os dedos e se dissipam no calor que faz lá fora. Pequenos instantes que morrem no tempo, na lembrança ferida que trazes contigo. Acordes perfeitos, demasiado breves, que voam ao vento, numa tentativa falhada de se tornarem eternos.



(Mas eu tentei. Eu tentei tanto.)

sexta-feira, fevereiro 03, 2006


What have we found? The same old fears.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Trocar de Olhares

Vi-te passar, apressado, sempre sem tempo para algum momento de felicidade nessa tua vida de frenesim. Correste, desapareceste. E que foi feito dos momentos em câmera lenta com alguma música bem lenta de fundo? Ilusões, ilusões...

Mas e o trocar de olhares? Por um instante, voas mais alto, entras dentro da alma, conheces cada recanto, procurando cada alegria passageira, cada ferida, cada cicatriz. Sabes sequer o meu nome? Não, não sabes. Nem nunca vais saber. Já passaste e o instante perfeito desvaneceu-se, perdido, levado para longe por alguma brisa que se levantou quando abriste a porta e saíste, com tanta pressa quanto entraste. Segundos perfeitos e conseguiste ler tudo o que eu tinha a dizer...

Mais vale assim.

Mais vale não saberes sequer o meu nome. Porque o resto é mentira. São palavras sem nexo, gestos embaraçados e pensamentos reais. Assim é melhor. O sentimento, a verdade, nenhuma palavra que consiga estragar o instante. Ilusão na sua forma mais fluida, no seu gesto menos dorido.

Porque me conheceste, e se chegasses a saber o meu nome, nunca me chegarias a conhecer por completo. Deixarias de ler nos meus olhos, e passarias a ouvir o que digo, a reparar nos meus gestos. E seriam tudo mentiras. Porque eu não iria ser eu. Seria eu mais tu. O meu eu acostumado ao teu, calcado no real, transformado, perdida a essência.

Deixa estar assim.


Foi um olhar, um instante perfeito que se há-de prolongar para além do tempo, longe do real, de qualquer coisa que possa provocar a desilusão, a dor. E fomos completos, pois. Eu conheci-te totalmente e tu a mim.

Porque conhecer-te é perder-te, que não posso conhecer mais que um reflexo de ser.

Porque conhecer-se é nada conhecer, e tudo sentir.

Percebes?

(Mas não quero que percebas. Sente só. E tudo fica mais belo.)