quarta-feira, janeiro 31, 2007

Tentar

Talvez pensasses que tudo o que fizesses não faria sentido. É bem possível que tenhas razão, mas tentar, tentar é o que nos move. Tentar é a razão, a única razão. Porque o resto é demasiado incerto, o resto perde-se na neblina e o que fica é a tentativa.

Quando o tempo nos deixa a sua marca, e perdemos tudo o que um dia chamámos nosso, o único consolo é ter tentado. O descanso da memória. Porque tentar é despirmos a culpa e sentirmos o prazer da liberdade. Deixarmos sentir o toque tão volátil do vazio, tão penetrante quanto frágil, tão intenso quanto ilusório. Ter tentado é mantermo-nos fiés à nossa essência, é cumprir com o que aspiramos ser, mais do que com o que somos realmente. A tentativa é a nudez menos constrangedora, mais reveladora. Nudez da alma quando já nem o orgulho nos consegue cobrir. É permanecermos puros, procurando o prazer pelos caminhos mais sórdidos, beijando a humilhação que nos fez o que nos tornámos. Nunca somos, tornamo-nos; é essa a premissa.

E eu despi-me perante a tua presença, na tentativa que tudo voltasse a fazer sentido de uma forma mais simples. Como poderia? Nunca fez, nunca deixaste, nunca acreditaste. Mas quando me percorreste o corpo ao som daquela chuva, diz-me, que estavas tu a tentar fazer?

segunda-feira, janeiro 29, 2007

http://festivalmusica.jf-corroios.pt/



quarta-feira, janeiro 17, 2007

Carrossel

E gira tudo cada vez mais depressA


(mas não é demasiado...)

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Não somos iguais a nós mesmos

«Um dos preconceitos mais conhecidos e mais espalhados consiste em crer que cada homem possui como sua propriedade certas qualidades definidas, que há homens bons ou maus, inteligentes ou estúpidos, enérgicos ou apáticos, e assim por diante. Os homens não são feitos assim. Podemos dizer que determinado homem se mostra mais frequentemente bom do que mau, mais frequentemente inteligente do que estúpido, mais frequentemente enérgico do que apático, ou inversamente; mas seria falso afirmar de um homem que é bom ou inteligente, e de outro que é mau ou estúpido. No entanto, é assim que os julgamos. Pois isso é falso. Os homens parecem-se com os rios: todos são feitos dos mesmos elementos, mas ora são estreitos, ora rápidos, ora largos, ora plácidos, claros ou frios, turvos ou tépidos.»


Leon Tolstoi, in 'Ressurreição'