quarta-feira, agosto 16, 2006

Pretéritos imperfeitos

Partiste na brisa
De mais um início de Verão,
E eu nem tive tempo para me despedir.

Levaste as palavras rasgadas
Que um dia me prometeste.
Esqueceste, talvez, os instantes
De demasiados anos juntos
De demasiados prantos e risos
De demasiada vida amarrada.
Queimaste qualquer emoção
Toda a vontade, e todo o desejo
Na tua ânsia de fugires.
Lavaste-me a alma,
Mas deixaste-a molhada
(E sabes bem como eu morro de frio).

Desapareceste sem demora
Sem um último beijo meu
E nem soubeste o quanto me doeu.

*

quarta-feira, agosto 02, 2006

As Tuas Pinceladas

Pincelaste de caramelo os meus dias, tornaste cada sorriso mais leve, cada olhar com mais sentido. Pintaste tudo à tua maneira: longas pinceladas, traços carregados, cores vivas, tudo um pouco desfocado, bem ao jeito do amor. Escreveste frases de um poema a que chamaste nosso, tiraste fotografias do meu sorriso para guardares dentro de ti e cantaste ao ritmo da nossa paixão.

Que pincél era esse que eu nunca te via usar? E há pinturas que nos dão mais relevo, que nos ensinam a cada gesto e nos preparam para as cores finais. E há aquelas que estragam tudo. Destróem tudo o que estava escrito, borram a pintura, rasgam a tela e criam feridas que nenhumas imagens podem sobrepor.

Há manchas que nos marcam e escolhem, para sempre, a cor do nosso olhar. Que nos tocam tão fundo, que nenhuma camada consegue sobrepor. Gestos que se interiorizam, sorrisos tatuados, vozes imaculadas que nos dão o mundo (e fazem chorar). Cores e sombras que agarramos com toda a nossa alma e geometrias que nos são perfeitas.

Pinceladas que nos ensinam, outras que nos arrasam e aprendemos muito mais. Cores que nos fazem continuar e sorrir, outras que nos dóem para sermos felizes como nunca. Contornos que nos constroem e equilibram, outros que nos roubam a harmonia e nos fazem valer a pena.



(E ainda não percebi que raio de quadro me deixaste, mas as tuas impressões tornam-se cada vez mais nítidas.)