quinta-feira, abril 27, 2006

Ego Ísmo

E essas muralhas intransponíveis que nos separam da realidade, nos fazem viajar egoisticamente pela nossa mente, aclamando os nossos sentires e o nosso eu acima de tudo quanto vem além dessas muralhas? Ah, que só vemos aquilo que queremos realmente ver. Não conseguimos sentir além de nós próprios, estamos condenados à fortaleza do nosso corpo, prisão egocêntrica, o nosso limitado e pequeno mundo, que o pintamos tão largo, tão profundo, tão único, mesmo sabendo que existem tantos outros, tão iguais. E continuaremos assim, imperfeitos e limitados (oh Ser Humano!) enquanto não quebrarmos essa barreira tão alta e imponente que dita a nossa existência, troveja a nossa essência, que nos faz emergir acima de tudo e eleva os nossos pensares, tornando-nos, pois, cada vez mais pequenos, cada vez mais sós, cada vez mais distantes, arrebatados para aquele mundo que, orgulhosamente, o cantamos como único.
(Oh, egoísmo!)

terça-feira, abril 25, 2006

Lloret de Mar 2006

Falto lá eu... tava a tirar a foto xD

Como é que rolas?

sábado, abril 22, 2006

« - Uma boa influência é coisa que não existe, Mr. Gray. Toda a influência é imoral; imoral sob o ponto de vista científico.
- Porquê?
- Porque exercer a nossa influência sobre alguém é darmos a própria alma. Esse alguém deixa de pensar com os pensamentos que lhe são inerentes, ou de se inflamar com as suas próprias paixões. As virtudes não lhe são reais. Os seus pecados - se é que os pecados existem - são emprestados. Tal pessoa passa a ser o eco da música de outrem, o actor de um papel que não foi escrito para si. O objectivo da vida é o nosso desenvolvimento pessoal. Compreender perfeitamente a nossa natureza - é para isso que estamos cá neste mundo. Hoje as pessoas temem-se a si próprias. Esqueceram o mais nobre dos deveres: o dever que cada um tem para consigo mesmo. É certo que não deixam de ser caritativos. Dão de comer aos que têm fome e vestem os pobres. Mas as suas almas andam famintas e nuas. A coragem desapareceu da nossa raça. Ou talvez nunca a tivéssemos tido. O temor da sociedade, que é a base da moral, o temor de Deus, que é o segredo da religião - eis as duas coisas que nos governam. (...) Mas o mais ousado de todos nós teme-se a si mesmo. O selvagem mutilado que nós somos sobrevive tragicamente na auto-rejeição que frustra as nossas vidas. Somos punidos pelas nossas rejeições. Todo o impulso que esforçadamente asfixiamos fica a fermentar no nosso espírito, e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e mais não precisa, pois a acção é um processo de purificação. E nada fica, a não ser a lembrança de um prazer, ou o luxo de um pesar. Ceder a uma tentação é a única maneira de nos libertarmos dela. Se lhe resistirmos, a alma enlanguesce, adoece com as saudades de tudo o que a si mesma proíbe, e de desejo por tudo o que as suas leis monstruosas converteram em monstruosidade e ilegalidade. Diz-se que as grandes realizações deste mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e só aí, que ocorrem os grandes erros do mundo. »

Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray