terça-feira, março 27, 2007

Se me abraçares, não partas.

«Se partires, não me abraces - a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.

Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces -

o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas. »

Maria do Rosário Pedreira, O Canto do Vento nos Ciprestes

Tinha saudades deste poema.

1 comentário:

João G. disse...

belo poema, c o kual concordo bstt. Vale mais n dizer nd as xs, nem abraçar, nem estarmos c grands dspedidas knd alguem vai embora, knd alguem nos deixa, pois inda nos deixa mais tristes... é dificil confesso ms as xs é o mlhr a fazer...

bjx Guilho