quinta-feira, janeiro 12, 2006

A Ti

(Ela)

Lembras-te quando passeávamos juntos à beira mar? Seguidos de mais algumas dezenas de casais abraçados, outras dezenas vindo na nossa direcção. Lembras-te? Éramos apenas mais uns jovens apaixonados no meio da multidão, tentando parecer únicos no nosso amor, de alguma forma especiais, como se aquele amor nunca fosse acabar e se prolongasse para além da nossa morte. E caminhávamos sem destino, ríamos e brincávamos na nossa infância do amor, sem pensar em mais nada.

Será que ainda te lembras? Chegaste a acreditar quando te disse que te amava? Era verdade. Era tudo verdade, sabes? Não, não menti. Não sei se chegaste a perceber o que te dizia. Nem sei sequer se queria que o percebesses, mas vou tentar dizer-to por palavras escritas, já que dizê-las é muito mais difícil.

Às vezes uma rapariga tem medo. Não sei se alguma vez chegaste a sentir o mesmo, talvez nunca chegaste a gostar de mim o suficiente para o sentir. Mas eu tinha medo. Tanto medo. Eu amava-te e, às vezes, não sabia como o demonstrar, não sabia sequer se o queria demonstrar (na verdade, na altura acho que nem tinha uma ideia clara do que sentia porque, afinal, só damos pela falta das coisas quando é tarde demais, não é?). Mas eu tinha medo. De te perder, de não fazer as coisas certas, de que não gostasses de mim realmente. Eu sei, fui parva. Como pude não ver o brilho que ostentavas quando me vias descer a tua rua naquelas tardes frias de Janeiro? Como pude pensar que era falso o sorriso que emanavas quando íamos, bem devagarinho, para o parque desviando-nos daquelas poças claras, esbatidas pelo Sol? Pois, sabes como eu sou. Nunca fui lá muito segura, e sempre casmurra, a teimar que talvez fosse tudo uma ilusão, tremendo só de pensar na possibilidade de me largares da mão e me deixares ir, assim, sozinha para o parque.

E estraguei tudo. Não corri. Não te agarrei. Não gritei. Não chorei até que a minha alma pudesse escoar-se para alguma dessas poças onde costumavamos espelhar a nossa felicidade. Não. Eu não fiz nada e tu pudeste ir, sem sequer olhar para trás.

Será que não viste, também? Não sentiste como a minha mão tremia, quando a tua se aproximava para a tocar levemente? Não viste? A minha felicidade tão simples quando me ofereceste aquela flor que tinhas arrancado do parque? Ainda lá está, no meio daquele livro que nunca cheguei a acabar de ler. (Também não deixavas, pois não?) E, depois, desmanchaste um botão em flor, espalhaste as pétalas pela brisa que trazia a essência saudosa do mar (eram, talvez, restos de asas de algum anjo que voou alto de mais, perdendo-se no âmago do sonho). Mesmo aí, não viste como era completa quando te comtemplava? Pegavas-me na mão, levavas-me pela alma, e corríamos, rindo, na demência mais feliz dos loucos, por entre as árvores que nos acolhiam. E deitávamo-nos na relva, sonhando com o Sol de Verão, maldizendo tudo o que se relacionasse com aquele Janeiro gelado (quantas vezes não fiquei eu cheia de água de orvalho, que nunca chegava a secar no chão?). E as frieiras, as camisolas de lã, os cascóis que se perdiam sempre, os chapéus-de-chuva que eu nunca usava, as molhas e os risos, as manhãs e o sono, as constipações, o cieiro. Mas tudo fluia na mais perfeita harmonia, aqueles eram os nossos dias e nada os poderia ter tornado melhores. Éramos nós. Se não fosse aquela molha no caminho para casa, como poderíamos ter criado aquelas fantásticas teorias sobre a perspectiva nas gotas de água e os reflexos do ser humano? Não viste que eras tudo? Não viste que eras mesmo a outra metade? Talvez se eu te tivesse dado um daqueles ursos foleiros com um coração a dizer «Preciso de Ti» me tivesses achado mais credível. Mas, que parva, pensei que aqueles momentos valessem por uns 1000 ursos...

Já te lembras?

E será que me consegues perdoar? Assim, só um bocadinho. Perdoar-me por tudo o que fiz, pelo que não fiz e por tudo o resto? Podemos começar tudo de novo. Eu explico-te outra vez como sou complicada, insegura e teimosa e tu ensinas-me outra vez a respirar ok? Porque te amo. Sim, a sério. Podes usar a carta como prova e tudo. E se eu disser que não a escrevi, não ligues. Sabes como sou orgulhosa e como me arrependo facilmente (até daquilo que nunca me deveria arrepender...) Perdoas? Perdoa-me, por favor, porque eu já te perdoei há muito tempo.

(E até esqueço o dia em que te foste embora,
sem sequer olhar uma única vez para trás.)

6 comentários:

João G. disse...

poise... bm ta aki uma bela duma declaraçao d amor cm eu nc vi!! axo um gesto mt bonito este texto e c certeza k o ser amado t vai perdoar...

as vzx so dams mm valor as coisas knd as perdemos, é bm vdd, é uma outra filosofia d vida k aprendems ao longo da noxa vida, p ixo é k devemos ouvir a voz do coraçao e nao a da razao em certos casos pk é o coraçao k nos faz feliz, é ele k nos faz acreditr k a vida é bela e unica e k n a devems deixar fugir das noxas maos...

bjx** GuIlHo

Reborn disse...

o brilhozinho nos olhos do sérgio godinho veio depois de ler uma coisa destas n foi? só pode...
mt bem! have no words xD

bjinhx

StupiDreamer disse...

amor...the first cut is the deepest
amores...tentativas de repetição inseguras da perfeição e entrega verdadeira (a primeira). sempre idealizações...mas quando vem aquele sentimento que falta algo por encerrar?quando só aquele parece o certo?tem de ser, senão se consegue repetir, mas sabes bem que não é aquilo de que precisas. e se fosse não tinha acabado.(mas só queremos o que não precisamos). mas mesmo assim sentes remorsos por tê-lo deixado escapado (mas não foste tu que partiste) oh well...
é tudo uma ilusão opiária de perfeição o amor bonito, anyway...(mas porque raio se sente e se espera por ela?) aquele completar perfeito,mesmo certo, sem palavras possíveis, aquele que se sente mesmo, aquele...vivemos apaixonadas por um sentimento.

não tenho palavras porque parece que mas roubaste aos escreves isto.

escreves cartas aos teus sonhos, em personagens de ti mesma, enredos de histórias que te escreves e sentes tuas, mas não existem (ah,mas tu sabes que hão-de existir.só podem existir), à espera...esse sentimento porque esperas e sabes que não é real (mas é no teu coração). a Ele @

Anónimo disse...

estou espantada... pk escondes sempre esta tua veia tao fantastica?? escondest atras dessa tua "dureza" d rapariga não melosa :p mas n precisas disso... tá tao lindoo Di... mostrat como mostras t (através dessa "personagem") aki... nesta carta... sabes como sou mt "romantica" LOL como tu me xamas.. pk n demosntras esse teu lado a gentE?? n custa mt...:P;) beijoss

Phillipe Furnace disse...

O urso não é foleiro..e escreves bem pa caralho. A sério. Até parece saído de um livro. A escrever assim niguém diz que andas a ler o harry potter..

Nadi disse...

Uauu...de todos os teus textos..este foi akele que conseguiste deixar-me espantada, pensantiva e a relembrar certos momentos da minha vida...tens um poder espectacular de escrever as coisas e é atraves destes textos que mostras a rapariga romantica que tens dentro de ti, aquela que nunca mostras, que só a poucos deixas tocar...a carta está linda...e os ursos não sao axim tao tao foleiros lol bjs continua assim cm es, pk sao xtas pekenas coisas e toda a tua maneira de ser e estar que te tornam axim... especial!!