Perdemo-nos na neblina de mais uma alvorada. Estava frio e as ruas eram mantos brancos. Tínhamos as mãos geladas e não conseguíamos pensar. Tu dizias que era da temperatura, eu tinha a certeza que era da emoção; mas havia de certeza qualquer coisa que nos arrepiava e entorpecia os membros.
Nunca quiseste acreditar e fizeste-me esquecer de tudo quanto um dia não fomos. Evaporam-se os sonhos e ainda me lembro quando contava os dias para o Natal... Tudo o resto pode desaparecer nas armadilhas da memória, mas isso há-de ficar. Um sorriso de verdade e a pureza (que agora me cái aos bocados como carne podre - e já nem sangro!)
Nunca foi completa, nunca o pôde ser, mas sempre foi demasiado ingénua. E cái a pureza, fica a ingenuidade nua e arranhada - agora, estupidez - que se transforma tão rapidamentes em algo um pouco (mais) cruel. Não é o ódio que borbulha nas entranhas já podres, mas um plácido sorriso de indiferença.
Perdemo-nos na neblina de mais uma alvorada. Porque nunca fomos de mãos dadas. Hábito de orgulho, se calhar era por isso que tínhamos sempre as mãos geladas... E por mais que decomponha todos os instantes, é difícil recordar-me de alguma coisa. Só de um sorriso, e sei bem que não era o meu. Mas lembro-me que contava os dias para o Natal e gostava de rondar a árvore para descobrir o que estava dentro dos embrulhos. Nunca cheguei a descobrir, nem aquele que tinha o papel rasgado na ponta. E um sorriso que não era o meu. Confundo os momentos, anos baralhados, mas disso tenho a certeza. Como tenho a certeza do teu sorriso, mas acho que já o disse...
E chegaram a falar-me de uma chama verde, verde de esperança, orgulhosamente acesa. E quis acreditar. A crença é a vontade. Mas todos esses pedacinhos de coisas nenhumas um dia hão-de juntar-se e fazer qualquer sentido. Por agora, ninguém disse que tinha de ter algum sentido, alguma razão de ser, razão de acontecer. Coicidências perfeitas. Acaso. Desiquilíbrio até à exaustão.
Mas tu sabes bem que existem tantos caminhos como linhas quebradas e que destino é uma palavra vazia. Mais uma ilusão. E só nos resta a esperança. Perdemo-nos na neblina de mais uma alvorada. Devíamos era aprender a sorrir com a alma.
Mesmo assim, ainda te peço que me ensines a dar as mãos.
Nunca quiseste acreditar e fizeste-me esquecer de tudo quanto um dia não fomos. Evaporam-se os sonhos e ainda me lembro quando contava os dias para o Natal... Tudo o resto pode desaparecer nas armadilhas da memória, mas isso há-de ficar. Um sorriso de verdade e a pureza (que agora me cái aos bocados como carne podre - e já nem sangro!)
Nunca foi completa, nunca o pôde ser, mas sempre foi demasiado ingénua. E cái a pureza, fica a ingenuidade nua e arranhada - agora, estupidez - que se transforma tão rapidamentes em algo um pouco (mais) cruel. Não é o ódio que borbulha nas entranhas já podres, mas um plácido sorriso de indiferença.
Perdemo-nos na neblina de mais uma alvorada. Porque nunca fomos de mãos dadas. Hábito de orgulho, se calhar era por isso que tínhamos sempre as mãos geladas... E por mais que decomponha todos os instantes, é difícil recordar-me de alguma coisa. Só de um sorriso, e sei bem que não era o meu. Mas lembro-me que contava os dias para o Natal e gostava de rondar a árvore para descobrir o que estava dentro dos embrulhos. Nunca cheguei a descobrir, nem aquele que tinha o papel rasgado na ponta. E um sorriso que não era o meu. Confundo os momentos, anos baralhados, mas disso tenho a certeza. Como tenho a certeza do teu sorriso, mas acho que já o disse...
E chegaram a falar-me de uma chama verde, verde de esperança, orgulhosamente acesa. E quis acreditar. A crença é a vontade. Mas todos esses pedacinhos de coisas nenhumas um dia hão-de juntar-se e fazer qualquer sentido. Por agora, ninguém disse que tinha de ter algum sentido, alguma razão de ser, razão de acontecer. Coicidências perfeitas. Acaso. Desiquilíbrio até à exaustão.
Mas tu sabes bem que existem tantos caminhos como linhas quebradas e que destino é uma palavra vazia. Mais uma ilusão. E só nos resta a esperança. Perdemo-nos na neblina de mais uma alvorada. Devíamos era aprender a sorrir com a alma.
Mesmo assim, ainda te peço que me ensines a dar as mãos.
9 comentários:
Gostei bastante deste texto Diana.
Só uma coisa. Se ele nunca te deu a mão, porque motivo ainda lhe pedes que te o ensine? Não lhe peças nada, nem esperes que ele te peça.Pega-lhe naturalmente na mão.
Beijos alienígenas
Muito lindo este texto...
Gosto muita da forma como escreves... e identifico-me, porque também eu sou capaz de pedir a mão a quem já ma negou...
Já vivi perdido em lindos cenários verdes..
Pode doer!! Não recomendo..
Mas nestes loongos dias que passo pr'aqui enfiado
de volta de coisas lindas como a analise matemática (cof, cof),
ler bons rasgos de lírismo é bom para calar esta parte de mim que insiste em
resistir a sobreviver vivendo do concreto (e que chata que ela consegue ser!)
agradeço siceramente o teu contributo para a minha alma não ficar quadrada!
*bjs! ;}
Enquanto resta a esperança, nada está perdido.
O teu texto é belo e muito lúcido. **
O tal mundo de constantes ilusões em que as vezes nos inserimos, e mal...
Já vai longe este teu texto, mas ainda com tempo suficiente para dizer que está muito bom!xD
Bem colocado, de acordo com a época em questão!
Texto violento Diana, cheio de garra, desespero, terminando serenamente a contrariar a pouca fé no destino.
O penúltimo paragrafo está sublime. Gostei muito de te ler... vai sendo hábito:)
gostei...tá forte e sensível! é impossível dissociar ambos, força e sensibilidade, tal como é difícil às x mostrarmo.nos a alguém, expormo.nos...ms faz bem!
«E chegaram a falar-me de uma chama verde, verde de esperança, orgulhosamente acesa. E quis acreditar.»
:X
Onde largámos as mãos?em que parte do caminho? Mais uma alvorada..
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