E o que é que somos? No que é que nos tornámos?
Temos tudo. Tínhamos tudo. Tudo para alcançar o que é que quer que aspirássemos. Podíamos elevar-nos ao nosso paraíso, tínhamos Olimpo mesmo ali ao lado. Mas perdemos os sonhos, deixámos de querer, tornámo-nos isto. Não. Mudámos, apenas, os nossos desejos. Aspiramos, ainda, e tanto. Ao podre. Desfigurámos os valores, as ideias. (Mas que valores? O que é certo? Pode ser isto o certo? Não pode...não pode... Não pode ser isto a evolução. Que evolução? O que é evolução? Diz-me, o que é realmente certo? Isto...não pode!)
Sujámos tudo. Chapinhamos no lodo, os filhos da tecnologia. Filhos do progresso e com toda a informação (mas que evolução?) Ensinados pela História, treinados pela Matemática. A juventude prodígio: só esgoto e um cheiro a catástrofe no ar (catástrofe mental!)... Estagnação, estagnação. Regresão, regressão. A indiferença que se entranha no sangue e nos nervos e em cada orgão. E até nos bonitos fios de cabelo! A podridão intolerante que nos trespassa a cada olhar, os preconceitos tão inequivocamente postos de lado, que mancham as roupas a cheirar a suor (serão lágrimas? Mas, se tingires fica bem!)
Raios (banhos!) de hipocrisia, culpados, todos! (E ninguém...) Influências e modas. Ovelhas: também nos pensamentos e nas ideias e nos valores. E nos nossos felizes comportamentos. Cadáveres vivos que se arrastam e nem sentem (diz-me, o que é sentir?). Não, sentem. Tudo igual. Standard Emotion. Exércitos de poeira, apagada em menos de nada. Apatia. Ou empatia por outra coisa qualquer. E é qualquer coisa que não pode estar bem (bem?!), qualquer coisa ao contrário, que não bate certo (ou sou só eu?)
E não é nada...não somos nada. Encarnação da desilusão. Indícios de algum fim que teima em se atrasar. E onde ficou o desabafo que teimaste em não berrar? Nem sequer o suspiraste... Passado esquecido, futuro ignorado. Presente... gasto. Gasto de palavras imundas que teimamos em escrever. Mas para que é que escrevo?
E diz-me... o que é que vale realmente a pena?
Diz-me se vale realmente a pena...
(Porque eu nunca vali a pena.)
Diz-me se vale realmente a pena...
(Porque eu nunca vali a pena.)